quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Bravo Mundo Novo


Até quando fui cego? Até quando perambulei perdido nestas trevas?
Em minha infância, me apresentaram um mundo diferente deste que se abre diante de mim.
Mundo em que os jardins eram habitados por fadas, a posição das estrelas governavam minha sorte e anjos velavam meu sono.
Na lua, um bravo guerreiro desafiava um dragão e, nas histórias, um pescador humilde arrebatava gerações de adoradores.
Admirava o pôr-do-sol, encantado com a explosão de cores no horizonte e ansiava com esperança o reino dos justos.
Quem me curou desta cegueira? Quem me apresentou o mar de trevas onde vivemos?
Cresci e me transformei num homem triste, por ver se esfacelarem as crenças da infância.
A natureza resumiu-se a lei da sobrevivência, as estrelas transformaram-se em gases flamejantes e, à noite, durmo desamparado.
Investigamos os astros e nos vimos sós (até quando?); investigamos os fatos e descobrimos mitos.
As leis da física pintaram com cálculos meus horizontes; as leis do homem fundaram uma sociedade em que os poderosos têm seus caprichos executados pelos ignorantes.
Cruel destino o do homem consciente, que, desarmado de suas fantasias, sobrevive neste bravo mundo novo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário